quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Quatro meses depois.

Na guerra ou na vida, caminhar em outra direção é essencial em qualquer boa estratégia.

As mudanças simplesmente aconteceram. Vieram até mim de maneira brusca, dolorida e inesperada. Atropelaram a minha vontade, detiveram minha marcha e machucaram a minha existência.

Depois de passada a raiva de D ´us, do destino, do homem, do macho, da “outra”, fui forçada a enxergar a situação sob outro prisma, com mais frieza e, por isso mesmo, de forma mais sensata e isenta dos erros de julgamento que a intensidade e o envolvimento me levaram a cometer.

A tempestade passou. O céu clareou. Ainda existem coisas quebradas e fora do lugar, é verdade. Mas, o grande barato de ter a vida de cabeça pra baixo foi sentir os efeitos desse redimensionamento inesperado.

Agora, em fase de retomada já consigo enxergar a placa de "rua sem saída" que sempre esteve lá na trilha passada, mas eu teimava em não ver. Ou, o brilho atraente que precede meus novos dias.

Mas não posso contar com milagres, preciso da razão para seguir em frente. É inútil proclamar independência emocional por medo de desiludir-me novamente ou tornar-me escrava das paixões para curar a ferida exposta.

Depois de sofrer feito o cão por encarar tudo na base do oito ou oitenta, fiz um pacto comigo mesma: jamais levarei coisa alguma a ferro e fogo porque nada importa tanto.

Absolutamente nada é imprescindível. Nem ninguém. Esse não é um discurso de auto-suficiência, pelo contrário, é uma reflexão de alguém que aprendeu na porrada, ou melhor, no choro, que só relativizando, tornando a existência e o coração mais leves, é que se pode ser feliz. Primeiro sozinha e, então, ser feliz com alguém.

Arrastei correntes, tolerei demais, juntei R$ 95 mil em dez dias, fiquei dois anos sem carro, amei incondicionalmente, emagreci, pirei. Levei tudo tão a sério e a única coisa que consegui foi uma úlcera e uma tristeza que quase me enlouquece de vez.

Cuidarei de quem amar, quando me apaixonar de novo. Mas jamais farei disso o objetivo da minha vida.

Assim, evito ficar frustrada quando não tiver dele o que dei pra ele. Ou não tiver dele o que ACHAR que ele deveria devolver.

Fiz o que quis, porque quis, então não posso reclamar o troféu. Não existe prêmio para quem doa amor.

Recuei diante da tela que estampa a minha história. Mudei de ângulo, observei as cores, os traços e os detalhes que, naquela relação sufocante, passaram despercebidos.

Notei que há muito, mas muito mais na minha vastidão do que aquele ponto preto que ficava, insistente, diante dos meus olhos.

Aprendi que ser feliz, no final das contas, não é questão de sorte ou azar. É questão de perspectiva.

2 comentários:

  1. Na guerra ou na vida, caminhar em outra direção esta completamente errada. O correto é caminhar para o local onde a maré esta te levando. Fuja da guerra e perca a guerra, fuja da vida e nunca encontrará seus novos objetivos e sim irá perder as novas coisas que surgem na sua vida assim, do nada, quando menos esperamos.
    Se você desejar, o brilho atraente que precede seus novos dias chegará voando em sua vida, limpando todos seus pensamentos ruins e passados. Pois o que passou, passou e não volta mais.
    Todos nos temos medo de uma desilusão, mas tente e deixe ser conquistada por alguma pessoa nova e conquiste esta pessoa também, sem se tornar escrava e sim fiel a essa nova paixão que com certeza lhe dará uma nova alegria e uma nova família. Não sei como foram seus outros relacionamentos, mais desta vez não erre, escolha a pessoa que seja voltada aos familiares. Só quem tem uma família única sabe bem o que é união e conseqüentemente o que significa AMOR.
    Para finalizar, queria falar que você escreve muito bem, se você for tão sincera ao vivo quanto escrevendo, vou adorar um dia saber qual o rosto desta menina que escreve.
    "Aprendi que ser feliz, no final das contas, não é questão de sorte ou azar. É questão de perspectiva." Se entregue logo a uma nova paixão e mande este azar e seus pensamentos negativos para bem longe de você!

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  2. este texto me fez lembrar uma imagem que guardo sempre comigo. uma sala só com quadros de monet no museu d'orsay em paris. os visitantes, intrigados pelas pinceladas fortes, chegam bem perto das pinturas, buscando os detalhes. então, dão dois passoas atrás e se enchem de encatamento com a paisem que, de repente, se forma no quadro. na vida, como no monet, é importante ver os detalhes, mas só um novo ângulo traz a complexidade do todo. é questão de perspectiva.

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