quinta-feira, 1 de julho de 2010

Só não pode ter a nécessaire maior que a minha.

Que inferno, que droga, que saco, que merda. Vou ter de admitir publicamente. Ta doendo. Chega a ser vergonhoso, humilhante, mais fazer o quê? É a verdade. Nada mais que a irônica verdade: eu gosto mesmo é de playboy.

Eu tentei de todas as maneiras ver graça nessas espécies de papete e óculos apenas funcional (daqueles que dispensam qualquer aro fashion ou marca conhecida). Tentei com afinco achar um desses tipinhos colecionadores de sebos e traças. Como eu sonhei com os que querem salvar o mundo entre uma pinguinha com amigos do curso de sociologia e o CD do Chico tocando no carrinho popular.

Não são esses os homens interessantes? Não era um desses que eu queria em casa, botando um Cartola pra dançar de rostinho colado? Botando um Bob Dylan para começar o dia odiando qualquer música que toca na Jovem Pan? Um que só comprasse brinquedos educativos e ecologicamente corretos para nossos filhos?
Não era eu que vivia reclamando dos playbas irados e implorando para o destino colocar nas minhas mãos um autêntico intelectual que prima pelo cérebro em detrimento ao abdômen?

Sim, fui eu mesma. E eu paguei a minha língua, como dizem por aí. Descobri que eu gosto mesmo é do maleta cheiroso, com camisa e calça jeans apertada que mostra toda sua inteligência ao ler uma boa carta de vinhos. Gosto das cuequinhas Calvin Klein, com algodão egípcio. Eu gosto é da nuca sem aqueles pêlos extras, do ombro largo e sobrancelha limpa entre os olhos.

Levantar livros, ainda que sejam todos os volumes do Dom Quixote, não deixa nenhum homem com aquele bração que te pega de jeito, puxa teus cabelos, te aperta e te faz sentir segura. Me desculpa, Cervantes, mas com um braço firme em volta de mim, qualquer moinho de vento vira um gigante sedento.

Chega! É isso aí. Vou parar de ir contra a natureza e assumir meus instintos primitivos: poetas e ativistas de plantão podem até emocionar meu coração, mas nada causam quando o buraco é mais embaixo.

Eu sei que é bom conversar. Eu sei que, depois de anos de namoro, o que sobra é respeito. Eu sei que depois de casada o que eu vou querer é um bom companheiro com quem dividir o jornal, os DVDs e as idéias.

Mas até chegar aí, eu quero mesmo é um playboy com tudo o que eles têm direito. Quero fechar os olhos e enlouquecer com um cheiro, uma apertada, uma lambida, uma mão firme. E não com uma frase inteligente ou um comentário deliciosamente cínico.
Claro, se eu puder ter as duas coisas, melhor. Mas, por agora, prefiro ter Woody Allen na TV e Justin Timarlake no sofá. Pronto, falei!

2 comentários:

  1. Post perfeito!
    Nao vou falar mais pq nao seria útil ou adicional!
    U rocked!
    beijos

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  2. boa, be. intelectuais são apenas pessoas que sabem muito sobre um mundo que eles não conhecem.

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