sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O importante é o cara ser gato.

Amo cachorros. Tenho três. A pequena Julieta, em especial, tem de mim um amor tão incondicional quanto imensurável. É ela que alivia minha tristeza, com seu afago quase sutil. E que impulsiona minha alegria com um simples movimento de cauda.

Mas, falando de machos, prefiro os gatos. Quando se trata de homem, para dividir minha vida, meus sonhos, meu dia-a-dia, meus planos, minha alma e minha cama, é preciso ser gato.

Não me refiro a um rosto bem desenhado ou abdome rasgado, claro. E a nenhum traço físico. Falo em ser gato na personalidade, no jeito, na essência. Não é a toa que cachorro é xingamento e gato, elogio.

Gatos não precisam de ninguém para dar comida, arrumar uma gata gostosa ou se distrair. Sabem muito bem viver sozinhos, mas oferecem o prazer de sua companhia. Se estivermos à altura, é óbvio. Gatos só se deixam "criar" por pessoas pelas quais têm o mínimo de respeito. Já viu mendigos ou bêbados com gatos de estimação? São, por natureza, independentes.

Eles nos olham como se fôssemos completos imbecis, quando soltamos alguma estupidez do tipo "Fofinho, vem com a mami". Já que vamos abrir a boca, que seja para algo que preste. Ou os deixemos dormir no canto deles, sozinhos, pois o sono é sagrado, queridona.

São elegantes. Pouco importa se moram na rua ou numa almofada fofa, os gatos satisfazem-se com o que são e não precisam ir ao pet shop colocar lacinho e perfume pra serem aceitos. Não admitem humilhação: que gostem deles do jeito como são ou os esqueçam, porque pra eles tanto faz.

Charmosos. Nunca se vêem gatos transando, atracados no meio da rua, de bando. São amantes noturnos, discretos. Esperam o momento certo de partir pra cima da fêmea. Nunca na frente de outros gatos (leia-se amigos), e nem na frente de ninguém. Eles não precisam mostrar que faturaram a gata.

Eles não fazem festa quando chegamos em casa, não babam com o linguão pra fora ou rolam pelo chão, mas sabem direitinho quando estamos tristes. Daí chegam, como quem não quer nada, sobem no nosso colo, ronronam, aconchegam-se e dormem um pouco, prestando solidariedade. Não são disponíveis nem estão ao alcance da mão todo o tempo, é certo, mas quando um gato está com você pode ter certeza de que ele não gostaria de estar em mais nenhum outro lugar. E nem faz aquilo por hábito ou obrigação. Diferentemente dos cães, gatos não querem ter um dono, e sim compartilhar bons momentos. São honestos.

Não mentem, não têm hierarquia, não fingem gostar de crianças, não sorriem quando na verdade querem que você suma, vá se divertir com as amigas e os deixem em paz. São preguiçosos, sedutores, imprevisíveis, enigmáticos e interessantes. Defeitos e virtudes no ponto certo.

Conviver com eles requer maturidade. Não são traiçoeiros, são livres. São autênticos, por isso são difíceis e têm fama de "mau". Mas para a maioria (das mulheres), é muito mais fácil lidar com mentiras gentis, babação de ovo e puxação de saco, por isso desfilam por aí com um cãozinho à tira colo.

E eu que nunca gostei de nada fácil, principalmente depois de ter passado cinco anos com um cachorro, que se perdia quando não era conduzido por uma guia (foi só eu passar três dias em Buenos Aires, que ele fez lambança e cagou na sala toda), parodio Vinícius numa frase que, ultimamente, tornou-se um mantra na procura pelo homem ideal: os caninos que me desculpem, mas ser gato é fundamental.

4 comentários:

  1. Nocaute... soco na barriga... chute no saco!

    ResponderExcluir
  2. kkkkkkkkkk amei Alê mto mto bom!!!!!!!!!
    auahuahuahauha
    bjus

    ResponderExcluir
  3. F A N T Á S T I C O esse texto...........parabéns Le!!

    ResponderExcluir
  4. muito bom! to passada com o cachorro que fez lambança rsrs bjs

    ResponderExcluir